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Um dos mais importantes estilistas brasileiros acaba de completar 40 anos! Muitos confettis, balões coloridos e campagne para celebrar a vida deste querido e talentoso ser humano!
Viva Alexandre Herchcovitch!
“Não penso no futuro. Senão ou sofro por antecipação, ou acabo me decepcionando. Gosto de viver as situações conforme elas surgem.” Com essa serenidade, às vezes transformada em impulsividade, Alexandre Herchcovitch forjou seu nome na história da moda. A trajetória é quase épica. Ele saiu do underground paulistano, em que costurava roupas para drag queens e prostitutas, para o sacrossanto altar fashion, com direito a desfiles em Nova York e produtos licenciados. Como diz a editora de moda Érika Palomino, ele deixou de ser “estilista estranho para gente esquisita” para se transformar no maior nome de sua geração. O menino rebelde, que afirma ter sofrido bullying no tradicional colégio judeu em que estudou na infância, fez de seu talento e de sua contestação um business poderoso. Deu a volta por cima. E não foi apenas uma vez.
Trajetória
Em 2007, Herchcovitch vendeu sua marca para a holding Identidade Moda e viu quase tudo virar pó. “Foi um dos únicos deslizes na minha carreira. Era uma situação sinistra desde o começo e me deixei envolver. Até que chegou um ponto em que o Paulo Borges e a Tânia Otranto me disseram: ‘Acorda, Alê’. Era um domingo. Nunca vou esquecer.”
Paulo Borges, o todo-poderoso da moda brasileira, acompanha a trajetória de Alê, como o estilista é chamado pelos mais íntimos, desde o começo. Tânia, fiel escudeira, trabalha com ele há 14 anos. Uma das principais características do estilista, aliás, é estar sempre cercado de amigos. Geanine Marques, Maurício Ianês e Celso Kamura. Todos parceiros de longa data. “O Alê é muito tímido. Trabalha para superar isso há bastante tempo. Por isso, gosta de ficar próximo de pessoas queridas, se sente mais seguro assim”, diz Tânia, que como assessora de imprensa tem que cortar um dobrado para desfazer a impressão que a timidez provoca: a de certa indiferença.
Aos 40 anos, completos nesta quinta, 21 de julho, a imagem de enfant terrible está ficando para trás. Cada vez mais focado nos negócios – ele inaugurou há pouco uma nova loja na rua Melo Alves, em São Paulo, onde reuniu as linhas de prêt-à-porter, jeans, acessórios e casa e, desde 2008, faz parte do grupo Inbrands –, Alê está aparentemente mais tranquilo. E a boa fase profissional anda de mãos dadas com a pessoal. No ano passado, oficializou sua união com o empresário Fábio Souza, com quem convive há quatro anos. “O Alexandre profissional é controlador, dedicado, fala o que quer, é exigente, odeia atrasos. Já o pessoal é carinhoso, preocupado com quem gosta”, conta Fábio, que divide um apartamento em Higienópolis com o estilista e seus três cachorros, Berenice, Pascal e Chanel. Filhos não estão descartados. Mas Alê não gosta de fazer planos, lembra? “Acho que serei um ótimo pai. Mas preciso amadurecer mais”, analisa. “Ele é maduro em alguns aspectos e imaturo em outros”, diz Fábio. “Como todo mundo.”
Mãe-musa
As alterações de humor, típicas de um canceriano, são notórias. “Ele muda muitas vezes no mesmo dia!”, entrega Regina Herchcovitch, mãe de Alexandre e sua musa desde a infância. “Na minha primeira lembrança de moda, estou sentando no chão do closet da minha mãe vendo ela se arrumar. Devia ter 9 anos e sofria muito quando meus pais saíam. Então, ficava lá, vendo ela se maquiar, escolher a roupa. Era um ritual”, relembra Herchcovitch.
A mãe-musa não demorou para enxergar a aptidão do filho. Costurou sua primeira “criação”, duas fantasias de Carnaval, uma para ele e outra para o irmão Artur. Logo depois, ela e o marido, Benjamin, resolveram dar uma máquina de costura a ele. “As ‘encomendas’ do Alê começaram a me tomar muito tempo. Resolvi ensiná-lo a costurar e modelar porque as ideias ele já tinha”, conta Regina. O resto da história quase todo mundo sabe. Alexandre fez a faculdade de moda Santa Marcelina (depois de cursar um ano de artes plásticas) e já no desfile de formatura causou, como se diz por aí. Érika Palomino, na época editora de moda do jornal Folha de S.Paulo, e o estilista Reinaldo Lourenço eram alguns dos bambambãs que estavam na plateia, conferindo as roupas chocantes, distantes do que vemos hoje em sua passarela. “Não me arrependo de nada”, diz Alê, como canta Edith Piaf. “Na verdade, sinto até falta daquela época de experimentação.”
Mas, se olharmos bem de perto, ainda é possível enxergar traços do começo underground. Alexandre é mestre em mesclar referências e criar roupas chics, com detalhes pouco convencionais – um forro aparente aqui, uma estampa de gilete acolá, uma caveira adiante. É nesse mix dos dois mundos que reside a sua maior força – como é possível conferir na retrospectiva a seguir.
Celso Kamura e Alê. LUXO. |
Reportagem: Renata Piza
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