Foto: Rooling Stone |
Por Malu Mader, daqui
Por que amo Amy? Porque ela é forte? Sim.
Porque ela é frágil? Também.
Porque além de cantora é atriz? Seus clipes provam isso.
Porque tem humor? Claro.
Porque sua voz é linda, linda de arrepiar e chorar? É.
Porque é única? Realmente, não conheço ninguém como ela.
Porque ela é frágil? Também.
Porque além de cantora é atriz? Seus clipes provam isso.
Porque tem humor? Claro.
Porque sua voz é linda, linda de arrepiar e chorar? É.
Porque é única? Realmente, não conheço ninguém como ela.
Amo Amy porque ela tem o principal: a facilidade, ou seja, o talento, que, quando extraordinário, sobre tudo se impõe.
Há algo ainda mais importante. Ela tem amor. E nos oferece seu amor. Esse é para mim o verdadeiro motivo. Sua entrega. É, cara leitora, além de tudo ela compõe. Tente conseguir as letras na internet em inglês e em português. Consiga ao menos as do segundo álbum, Back to Black, que a revelou em 2006 como grande fenômeno. Todas são da menina inglesa. Antes disso, ela já havia lançado outro álbum, Frank, em 2003, após tocar em pequenas casas noturnas de Londres e depois em lugares cada vez maiores, numa rápida ascensão.
O que aconteceu em Back to Black não acontece a toda hora e não se trata de sorte. Como bem diz o título (e que título!), o álbum nos leva à raiz da música negra. Acompanhada por uma banda de alta voltagem, num trabalho excepcional do produtor Mark Ronson, Amy canta, com a mesma propriedade, jazz, blues, R&B e reggae.
Quando ouvi pela primeira vez a canção Back to Black , em que ela morre cem vezes, pensei: “Eu também, Amy! Você revelou meu segredo”. Depois da morte, o luto, o estado de convalescença que todos nós conhecemos. Mas ela se parece com um personagem literário. Eterna convalescente, é como uma criança que vive o momento intensamente. Canta com o coração. Só as grandes divas do jazz sofreram de amor como Amy. Em seu DVD, confessa que se apaixonou, se deu mal, ficou muito magoada e precisava ver o lado positivo da situação. Agora você me dirá: “Que lugar-comum!”. E eu direi: “Ouça o que ela fez com esse lugar-comum”.
Em Love Is a Losing Game (“O amor é um jogo perdido”), há tanta beleza, tanta delicadeza em seu canto, que nos resignamos diante de tal afirmação. Em Tears Dry on Their Own, aceite minha sugestão, coloque um fone e parta com passo acelerado para uma caminhada em alguma praia bem bonita na hora do pôr do sol. O arranjo e a interpretação são tão animados que, mesmo a letra falando sobre mais uma desilusão amorosa, a alegria tomará conta. Em Just Friends (e também em You Know I’m no Good), o desejo se revela menos sentimental e mais sacana e de novo nos sentimos como Amy.
Mas o grande sucesso do álbum foi Rehab, em que Amy recusa a reabilitação. A canção gerou fofocas em colunas sociais e comentários na internet que ajudaram a projetar o CD e sua intérprete. De fato Rehab se presta a isso, mas também é subversiva, cheia de autoironia. E ainda homenageia Ray Charles.
Gostaria de ter escolhido apenas uma canção deste magnífico álbum, mas não consigo. Não deixe também de ouvir Valerie, que não faz parte do álbum, não foi composta por ela, mas se encaixa perfeitamente ao seu estilo. Há duas versões de Valerie. Uma, de andamento mais rápido, é ótima para dançar. Agora, se estiver a fim de curtir uma fossa, opte pela mais lenta.
Todo fã gosta de se identificar com o ídolo e de procurar pontos em comum numa forma de prazer secreto. Descobri nos extras do DVD, intitulados I Told I Was Trouble, que, assim como eu, ela estudou teatro na escola, é virginiana, quando pequena ouvia jazz, gostava de cantar junto com o pai e é fã de Ray Charles.
Nas entrevistas e nas letras, Amy confessa seus medos e inseguranças. Tem humildade, mas nunca soa piegas. Quando as fofocas sobre seu vício foram crescendo na mesma medida de seu sucesso, ela enfim cedeu a uma internação. E lá, em mais uma atitude surpreendente, se atirou ao mar para salvar uma mulher que se afogava.
Fui vê-la cantar em Portugal em junho de 2008. Na ocasião, estava viciada em Amy. Sabia que talvez ela não aparecesse, ainda assim resolvi arriscar. Todos me alertavam sobre seu estado de saúde debilitado, mas jamais imaginei que sua fragilidade naquela noite poderia chegar aonde chegou. Sua voz potente havia desaparecido, seu corpo cambaleava. Apesar da ajuda dos companheiros de banda, em determinado momento ela caiu. Sofri por ela como se sofre por uma amiga. Desejei ampará-la, tomar alguma providência.
Há um momento nos extras do DVD em que ela afirma: “Digo que não me arrependo nem me desculpo, mas é mentira”. Não se arrependa, querida Amy. Cuide-se, divirta-se e continue cantando.
Saudades, Amy. |
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