quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Speranza Spalding no Rock In Rio - Celebremos!!

Foto: Divulgação.
"Vocês têm que me manter afastada disso". A brincadeira é a primeira frase de Esperanza Spalding e o "disso" a que ela se refere são os fumegantes pães de queijo oferecidos em sua entrevista coletiva. Fã da língua, da música e do quitute brasileiro, a artista norte-americana veio para o Brasil para duas apresentações, um show solo realizado ontem em São Paulo e outro já com ingressos esgotados, no dia 24, com cantor Milton Nascimento no Rock in Rio 4.

Com uma figura frágil e que combina com seu jeito doce e simpático, Esperanza já tem uma carreira solidificada. Sucesso de crítica, a contrabaixista  e cantora começou cedo, aos 5 anos de idade. No começo deste ano, aos 26, foi a primeira jazzista a ganhar o Grammy de melhor artista revelação, batendo ninguém menos que a sensação adolescente Justin Bieber.

Nesta entrevista coletiva, Esperanza falou sobre sua amizade com Milton Nascimento, suas influências musicais, seu período como professora e os shows no Brasil. Veja um trecho da entrevista, por Marcela Paes.
Você vai tocar, no dia 24 com o Milton Nascimento no Rock in Rio e hoje (quarta, 21/09) você vai tocar sozinha em um teatro menor. Tocar em lugares grandes é algo que você gosta?Só toquei em arenas duas vezes e não foi em shows meus, por isso não me senti tão responsável [risos]. As pessoas vieram pra ver outro artista e eu só abri. Claro que gosto de tocar e escolherei músicas apropriadas para o ambiente em que estou. Não posso tocar música de concertos em um lugar onde as pessoas estão de pé para me ver, da mesma maneira que não vou fazer um set bombástico, agitado, em um lugar intimista. Mas as duas coisas me dão muita emoção, de maneiras diferentes, é claro. O show de hoje será em um lugar pequeno, por isso, o que eu pretendo fazer é convidar as pessoas a entrarem naquele clima, naquela energia mais calma, mais sutil. E no Rock in Rio nós estamos ensaiando canções que tenham essa energia mais aberta, lançaremos tudo para o público, para animá-los! As duas maneiras são muito divertidas!

E como será o show do Rock in Rio?
Nós ensaiamos [Esperanza e Milton Nascimento] pelos últimos quatro dias. As músicas dele que estão no setlist já são tão épicas, as letras, a maneira que a música progride. Acho que a questão é se sentir confortável o bastante para deixar a música sair dos nossos corpos e mãos de maneira natural, sem pensar no que irá acontecer depois. O Milton sabe como tocar desse jeito, sabe como fazer isso, como arranjar as canções. Nós pensamos no sentido de identificar o que eu poderia oferecer ao que ele já tinha. Já as minhas canções preparadas para o set têm uma energia mais bombástica. É difícil falar sobre o que vai acontecer, me pergunte depois e eu te digo... Vamos ver o que acontece.
"Não promovo minha sexualidade, nem me visto sexy, nem coloco isso como um atrativo para que as pessoas ouçam a minha música"
O nome do festival  é Rock in Rio e seu estilo de música é o jazz. Você tem receio de tocar para o público que espera ver outro tipo de música?O que você acabou de dizer é incrível. Porque o rock é uma evolução do blues, e o blues veio da África, uma parte específica dela. E a música que o Milton faz também tem muita influência da música folclórica brasileira, que também é influenciada pela  africana, portanto, de alguma maneira nós também estamos tocando rock. A palavra que define a música não muda, mas a música continua evoluindo. Se os Beatles e os Rolling Stones são "rock and roll", com certeza nós estaremos bem. Pink Floyd e os Rolling Stones tiraram muita coisa do blues... A maneira de cantar, os grooves, e a harmonia evoluíram e se tornaram as diferentes ramificações do rock. Esse mesmo núcleo está na presente na música do Milton, igualmente senão mais. Por isso acho que ele tem essa habilidade de tocar para multidões e deixá-las hipnotizadas.

Como você e o Milton se conheceram e ficaram amigos?Nós somos amigos há dois anos. Antes de conhecê-lo, mandei um e-mail dizendo "Eu amo você, obrigada por ter nascido e fazer essa música maravilhosa, que ainda está sendo descoberta e que toca bem no fundo das pessoas". Aí ele me respondeu: "Ok, legal. Também te amo. Tchau.", [risos]. Depois nós nos encontramos em São Paulo, porque minha banda ia abrir para o George Benson. Ele me convidou para ir à casa dele no dia seguinte. Nós tocamos bastante e nos mantivemos em contato por e-mail. No ano passado, também passei um tempo com ele... Depos ele me convidou para tocar no Rock in Rio e eu disse sim!

Existe o plano de  gravar um disco com ele?
Ele gravou uma música comigo, mas não temos planos concretos de fazermos um disco. Nós vamos tocar juntos e ver como sai. Mas sem dúvida, fazer isso com ele seria um sonho.

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