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sexta-feira, 8 de março de 2013

08 de março - mais um dia internacional da mulher.



Porque todo dia é nosso dia.
E punk e é mesmo.


O MULHERÃO 

Peça para um homem descrever um mulherão.Ele imediatamente vai falar do tamanho dos seios,na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira 1,80m, siliconada, sorriso colgate. Mulherões, dentro deste conceito,não existem muitas: Vera Fischer, Leticia Spiller, Malu Mader, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas. Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma a cada esquina.

Mulherão é aquela que pega dois ônibus por dia para ir ao trabalho e mais dois para voltar,e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome. Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matricula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 Reais.

Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta,que malha,que usa salto alto, meia-calça,ajeita o cabelo e se perfuma,mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.Mulherão é quem leva os filhos na escola,busca os filhos na escola,leva os filhos para a natação,busca os filhos na natação,leva os filhos para a cama,conta histórias,dá um beijo e apaga a luz.

Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite. 

Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo,é quem faz serviços voluntários,é quem colhe uva,é quem opera pacientes,é quem lava roupa pra fora,é quem bota a mesa,cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de oito horas e enfrenta menopausa,TPM,menstruação.Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos,fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia.

LIAS, LIS, LUCIANAS, ANAS, MÁRCIAS, CRISTIANAS, RAQUEL E CONSOLAÇÕES: Mulheres nota dez no quisito lindas de morrer, 
mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA.

Martha Medeiros - sua linda, humana e possível.




sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pra você que se livrou de um Homem-Roubada! Xico Sá



Ou de uma mulher-abismo.

Ou ainda: a dor é P&B e a liberdade é 3D.

Para você, minha pequena, que acaba de se livrar de uma dor amorosa que a acompanhava pelas ruas como um vira-lata sadomasoquista.

Para você que acabou de deixar essa dor no cemitério dos amores esquecidos ou no crematório dos encostos e homens-roubada.

Para você, neste exato momento em que se livra da praga, o cirúrgico instante em que você diz “baby você já era”, como na versão da Clarah Averbuck para “Out of Time”, dos Rolling Stones, clássico dos concertos de Wander Wildner.

Está ai um momento lindamente difícil, primeiro plano, fechado, só você e a câmera do homem que filma tudo lá de cima, agora em 3D, para que todos acreditem e não vejam como truque ou chantagem…

Está ai o justo instante em que diz, aqui, câmera 1, a grua de Deus: acabou chorare,  tá tudo lindo, chega de palhaçada!

O momento da iluminação, meu santo Jack Kereouac, o beijo no vento, o sorriso, o fim da maldição de todas as músicas tristes que pareciam sempre biográficas, como as de Leonard Cohen, do Chico ou do Waldick.

Já reparou, amigo(a) que, quando doentes de amor, toda e qualquer canção é a história cagada e cuspida das nossas vidas?!

Entramos no carro ou em um táxi de madrugada, velho e bom amigo Serginho Barbosa, e lá está a trilha sonora da existência.

Agora você simplesmente ergue as mãos para os céus e diz: estou livre, carajo!
Penei, sofri, vivi o luto amoroso, mas essa(e) peste não me merece. Você ergue as mãos para os céus e agradece.

Você foi grande, não esnobou com o(a) primeiro(a) que apareceu pela frente, respeitou o luto sob trilha de Morrissey, viveu noites de insônia e solenes estiagens no reino da Carençolândia.
Você quase toma barbitúricos, você quase toma racumin como os suicidas antigos, mas você foi forte, enfim, você foi intenso(a) e segurou a onda em todas as medidas e trenas do possível.
Óbvio que às vezes você se enganou, achava que estava livre e teve ruidosas recaídas, todos nós dançamos esse tango sem manteiga, achamos que estamos libertos e lambemos, de novo, os pés de novo da mulher-abismo ou do homem-roubada,  afinal de contas o amor é mesmo uma pedra de crack da existência.

Agora não, você se sente livre mesmo, até recita um verso de  Walt Whitman: “De hoje em diante não digo mais boa sorte, boa sorte sou eu!” E segue. Lindeza.

Pronto. Você se sente livre mesmo(a), se arruma bem linda, bota flor no cabelo, você, homem velho, luta boxe sozinho no banheiro, você pede um uísque duplo, bota um Rolling Stones na radiola de ficha, sai bonito da sinuca, mata a bola preta de tabela, você está preparado(a) para uma nova vida, caiu a pena como um passarinho, caiu o pelo como um(a) gato(a), mudou de sina e com todo respeito ao clichê mais vagabundo, a fila anda.

Você fez todas as rezas, orou para Jesus, foi no terreiro e no centro espírita, baixou os tarôs e tomou carma-cola, pediu para a menina anônima que viu a virgem na mata e rendeu-se ao neo-orientalismo, você fez de tudo um pouco, santa.

É, amigo(a), se o pé-na-bunda é em preto e branco como naqueles bons, mudos e tristes filmes do expressionismo alemão, a salvação é em 3D, mais que léguas submarinas, é uma montanha russa, um carrossel de parque de diversão, uma roda gigante ou uma simples caminhada pelas ruas com um sorriso enigmático e um bom ventinho na cara.

Adeus, roubada!

Xico Sá - (genial)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Uma grande amiga postou este texto ontem a tarde e ele se encontrou comigo agora.
Porque tem certas coisas que eu não sei dizer...
Lindo, Fernanda Cardoso minha tão querida.
Um gole com Clarice.


‎"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu queria amar o que eu amaria - e não o que é. É também porque eu me ofendo a toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário (…). Eu que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu."

Clarice Lispector



segunda-feira, 7 de maio de 2012

É possível obrigar um pai a ser pai? Por Eliane Brum


Um texto longo e altamente reflexivo, vale à pena ler até o final.

Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça tomou uma decisão inédita no Brasil: determinou a um pai o pagamento de R$ 200 mil por “abandono afetivo”. Antonio Carlos Jamas dos Santos, empresário do ramo de combustíveis de Sorocaba, no interior de São Paulo, terá de pagar à sua filha, Luciane Nunes de Oliveira Souza, professora da rede municipal da mesma cidade, por sua ausência como pai. Na sentença, manchete da maioria dos jornais brasileiros de quinta-feira (3/5), a frase lapidar da ministra-relatora do caso, Nancy Andrigui: “Amar é faculdade, cuidar é dever”. Nos dias posteriores, Luciane deu entrevistas, em que chorou muito pelo abandono, assim como comemorou a vitória dos filhos abandonados do Brasil, representada pelo seu triunfo no tribunal. Minha pergunta: é possível – e desejável – que um pai seja condenado por falta de afeto? 
Apesar da frase de efeito da ministra, é disso que se trata. Este pai, agora condenado, pagou uma pensão para a filha até os 18 anos. Portanto, deu as condições materiais para o seu sustento, o que é garantido pela legislação brasileira há muito e não está em discussão. Se o valor era abaixo das necessidades concretas da filha e abaixo das possibilidades concretas do pai, esta é uma falha de quem arbitrou a pensão – uma falha da Justiça, portanto.  
Estou rodeada de pessoas que acreditam que seus pais não lhes deram o afeto que mereciam. Acho mesmo que boa parte das pessoas acha que seus pais são deficitários no quesito afeto e no quesito presença. Da mesma maneira que, se fôssemos perguntar aos pais – e também às mães –, boa parte deles compartilha da convicção de que são abandonados pelos filhos. Mas esta, decididamente, não é a hora dos pais. Os filhos reinam absolutos nesse momento histórico, com o apoio irrestrito do Estado. 
Se os pais derem uma palmada em uma criança, logo estarão cometendo uma infração. O Congresso prepara-se para determinar que palmadas são inaceitáveis como método educativo. Se a conclusão for a de que os pais não amaram bem, a Justiça pode obrigar os pais a indenizar os filhos com o valor equivalente ao de um apartamento. Em breve, suponho, teremos mais novidades na vigilância dos pais pelo Estado. E não estou sendo irônica. É para esse mundo que temos caminhado. E é preciso perceber que temos dado sempre um passo além. Em minha opinião, além do bom senso. 
Se um pai espanca um filho ou qualquer pessoa espanca uma criança, já existe lei para punir esse ato bárbaro. Mas, não, em vez de aprimorar as ações de prevenção e tornar mais eficiente a repressão, considera-se necessário criar mais uma lei e punir também a palmada. Se um pai não garante as condições materiais para assegurar educação, alimentação e casa para um filho, também já existe lei para obrigá-lo a cumprir o seu dever. Mas agora é preciso ir mais adiante, é necessário punir também a falta de afeto. 
Coloco essas duas questões – a da “palmada” e a do “abandono afetivo” – no mesmo texto, porque, ainda que venham de instâncias diferentes do Estado, elas me parecem emblemáticas dos novos tempos que vivemos. E tenho dúvidas se refletimos o suficiente sobre o que estamos fazendo ao achar aceitável que o Estado entre na casa das pessoas e julgue o subjetivo. Tudo isso vem embalado “em nome do bem”. Mas me parece que “o bem”, assim como “as boas intenções”, tem trilhado caminhos estranhos. 
Como um juiz pode determinar o que é “abandono afetivo” em uma relação complexa como a de pais e filhos? E por que o Estado deveria fazer isso? E por que deveríamos achar legítimo que o faça? 
Não tenho dúvidas de que Luciane sofreu. E desconfio que seu pai também pode ter sofrido. E gostaria que o sofrimento de ambos jamais tivesse se tornado público, porque acho que isso deveria seguir sendo tema do privado – longe da mão do Estado e longe dos holofotes. Mas, como abri a porta do meu apartamento na semana passada e me deparei com o rosto de Luciane no jornal, é preciso pensar sobre isso. 
As imagens de Luciane, com sua expressão sofrida e chorosa, mesmo quando sorridente, provocam-me aflição. Porque é uma mulher de 38 anos, mãe e professora, dizendo coisas como: “Desde que eu nasci, meu pai nunca me quis!”. Eu facilmente poderia ver essa frase na boca de uma adolescente falando com as amigas num bar ou no pátio da escola. Mas, em uma mulher adulta, essa queixa – e uma queixa pública, com acolhimento público – me causa estranheza. Como se estivesse fora de lugar, deslocada no tempo de uma vida. 
Luciane se coloca numa posição infantilizada. E me parece que ela encarna a posição infantilizada na qual todos nós nos colocamos ao permitir que o Estado legisle e arbitre sobre como devemos amar ou como devemos educar um filho. Como se jamais nos tornássemos adultos, na medida em que precisamos de um Estado-pai para nos dizer o que fazer. Um Estado que cada vez mais se arma do direito de entrar dentro das nossas casas e determinar como devemos viver.
São tempos curiosos. E o mais curioso é que a tese do “abandono afetivo” seja acolhida na mesma época em que a família já não é mais aquela. Nem sempre o pai biológico é aquele que assume a função paterna. Ou a mãe biológica é aquela que desempenha a função materna. As combinações, hoje, são as mais variadas. E nem sempre o pai que paga as contas é o pai que busca na escola, coloca a criança no colo, conta histórias antes de dormir, repreende um deslize ou conversa sobre a iniciação sexual da filha ou do filho. Pode ser – e pode não ser.
A função paterna pode ser assumida pelo padrasto, por um tio, por um irmão mais velho, pelo avô ou mesmo por uma mulher, em um casamento gay. E o mesmo acontece com a função materna. Para ser pai ou mãe, não basta gerar uma criança, é preciso “adotá-la”. E isso vale também para os pais biológicos. E nem todos conseguem ou desejam fazê-lo. Quem desempenha a função paterna ou a função materna é aquele que gerou uma criança e “adotou-a”. Ou aquele que adotou uma criança e “adotou-a”. São dois atos – e não um. E o segundo é mais difícil, demorado e cheio de percalços. 
Que o pai biológico de Luciane se responsabilize ou seja responsabilizado pelo sustento material da filha ninguém discute. Mas não é possível obrigá-lo a ocupar a função paterna no sentido mais amplo e subjetivo. Não há como obrigar ninguém a ser pai ou mãe no sentido pleno. Se o Superior Tribunal de Justiça acredita ter esse poder e, para exercê-lo, bastaria obrigar um pai a pagar um valor em dinheiro, está completamente equivocado.  
Todos nós temos de lidar com o que consideramos ausência ou falta de afeto, em várias medidas ao longo da vida. Faz parte da complexidade das relações humanas. E faz parte do humano do nosso tempo acreditar que nunca é amado o suficiente – não só pelos pais, mas pelos filhos, pelos namorados, pelos maridos e pelas esposas, pelos amigos, pelo mundo inteiro. 
Temos de lidar com as faltas inerentes a qualquer vida da melhor forma que conseguirmos – e lidar com isso significa crescer. E crescer significa parar de choramingar e seguir adiante. Acho grave que a Justiça considere legítimo cristalizar essa mulher adulta no lugar de vítima e de menina abandonada. E congelar esse homem no lugar de pai ausente e de algoz. A vida é mais complicada do que isso. E um juiz tem o dever de compreender isso. As implicações públicas da decisão do STJ, na minha opinião uma decisão desvairada, ecoarão na vida de todos nós. 
Em entrevista à rádio CBN, a ministra Nancy Andrighi afirmou que a decisão do STJ “analisa os sentimentos das pessoas”. Se analisa, ministra, errou. Não cabe ao STJ ou qualquer tribunal analisar “sentimentos” e desferir punições pela ausência ou excesso de “sentimentos”. Isso colocaria os juízes em lugar bastante indevido.
A ministra também disse: “Não se pode negar que tenha havido sofrimento, mágoa e tristeza, e que esses sentimentos ainda persistam, por ser considerada filha de segunda classe". Alguém conhece uma vida ou mesmo uma relação entre pais e filhos que não tenha sofrimento, mágoa ou tristeza mútuas? Como é que uma juíza pode comprar a versão de filha de “segunda classe” de uma forma tão barata? 
A ministra ainda disse mais: "Todo esse contexto resume-se apenas em uma palavra: a humanização da Justiça”. Pelo contrário, me parece que a decisão ignora justamente a complexidade e a ambivalência das relações humanas. E desumaniza, ao compensar afeto com dinheiro – o que também é mais um dado interessantíssimo da nossa época de relações monetarizadas. 
Luciane, por sua vez, afirma que não sente “raiva ou mágoa” do pai. Só quer “justiça”. Se colocar o pai no banco dos réus e dizer ao país inteiro que ele é um pai ausente, relatando suas desventuras nos mínimos detalhes, não é uma vingança monumental, eu não sei o que é. Mas que Luciane busque isso, podemos até compreender. Que um tribunal legitime a vingança é que é surpreendente. O que poderíamos estar nos perguntando, neste momento, é: como a gente faz para alertar um juiz por “abandono da razão”? 
Na Folha de S. Paulo do último sábado (5/5), há duas fotos de Luciane: uma segurando um retrato dela quando bebê, no colo da mãe; a outra vestida de caipira na escola. São fotos comoventes e também são fotos escolhidas para comover – o que me faz ficar ainda mais aflita por ela. As duas fotos, assim como seu discurso, parecem dizer: “Pai, veja como sou ‘amável’”. Ou: “Brasil, veja como sou ‘amável’. Por que este homem mau não quis me amar?”. Parece que é isso que Luciane foi buscar na Justiça: a comprovação, pelo Estado, de que ela é ‘amável’, o pai é que falha. E continua, tristemente, tentando chamar a atenção do pai.
O problema é que dificilmente Luciane conseguirá seguir adiante, paralisada como parece estar no mesmo lugar simbólico. E mais difícil será agora que o tribunal a acompanha na ilusão de que é possível obrigar um pai a ser pai. Ou obrigar um pai a amá-la. E não há dúvida de que ela sofre muito com tudo isso. Tornar-se adulto, porém, é descobrir que o baralho nunca estará completo, que nem mesmo existe um baralho completo. Temos de jogar com as cartas que temos. E tentar recuperar cartas que jamais existiram, como se elas estivessem apenas perdidas, não nos ajuda a viver melhor. Apenas nos congela em um lugar infantil.
É um caso fascinante pelo que revela sobre o nosso tempo. E há bem mais ainda para se ver nele. Por enquanto, ainda queria lembrar que, às vezes, o melhor que pode acontecer a um filho é que certos pais e mães fiquem bem longe. 
Eliane Brum
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.  elianebrum@uol.com.br - Colunista da Revista Época.
Foto: reprodução


Vai ou Racha - Por Silmara Franco

Ilustração: Adreson Vita Sá
Mega fã do Blod da Silmara Franco - começo a semana assim, dando risada da vida real, me diverti e concordei com a querida Silmara. Olha só.

Vai ou Racha


Nada deve ser mais ocultado num casamento que calcanhar rachado.
É preferível revelar o que aconteceu naquela viagem a Porto Seguro quando vocês ainda namoravam, fornecer detalhes da república onde você morou no tempo de faculdade, falar das suas vadiagens adolescentes e até confessar que já beijou uma mulher, a expor na relação um par de calcanhares prejudicados. Será o fim. Restará, apenas, decidir quem fica com a Nespresso.
Antes seu marido descobrir que não foi você a autora do salmão ao molho de gengibre que o conquistou no primeiro jantar na sua casa, que você espia o Facebook do sócio dele todo dia e que aquele vestido não custou cento e cinquenta reais, do que vocês terem uma noite de amor interrompida por um carinho, digamos, mais cortante sob os lençóis. Pior: ter que explicar por que namora sempre de meia soquete.
E a culpa é toda sua. Passa o verão metida em rasteirinhas, anda descalça pelo quintal curtindo sua fase natureba de “conexão com a terra”, capricha no hidratante da região superior e negligencia a inferior. Pensa que só as formigas e seres rastejantes notam seus pés e que semiárido é somente uma região do nordeste. Não, querida. Passível de justa causa, sola de pé desertificada tem peso dois em relação à celulite. Depois não reclame. Nem chore de saudade dos tamancos e dos sapatos Chanel.
Se o problema lhe assolar, mantenha o segredo a sete chaves (e jogue todas fora). Veja o que aconteceu a Aquiles. Em períodos de seca, para poupar o relacionamento e a palmilha dos seus calçados, lance mão de tudo que disserem para você fazer. De simpatias a receitinhas caseiras – sempre escondida, na calada da noite. Invista uma grana preta naquela dermatologista que não atende nenhum convênio. Faça promessa para Santa Rita, a das causas impossíveis. Se nem ela topar, peça emprestado ao marceneiro de sua confiança a lixadeira e a politriz. Recorra ao SUS.
Ou vai, ou racha.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Azul da cor do Mar - Emoções em turqueza




E por falar em emotions... 


o azul turquesa oscila entre o azul e o verde, imitando as águas do mar. "Essa dupla cromática simboliza, respectivamente, as esferas espiritual e material, lado a lado, em harmonia", afirma o terapeuta carioca Nei Naiff, autor do livro Curso Completo de Terapia Holística e Complementar (ed. Nova Era).

Segundo o estudioso, o tom, que é encontrado na pedra semipreciosa crisocola, ou turquesa peruana, favorece a paz interior, fortalece a intuição e harmoniza relacionamentos afetivos.




Na decoração
Objetos azul turquesa proporcionam à casa um ar mais leve e relaxante, dissolvendo a raiva, a tristeza e as mágoas profundas, trazendo compreensão e perdão... então tá, né!
Ps: Associado à uma boa terapia realmente pode ser tuudo de bom!  :-)
...
Foto: reprodução

1 Coríntios 13

Ilustração: Romero Britto



1 Coríntios 13



Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
Amém.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Martha Medeiros, sobre a vida.

As fases transitórias são difíceis, tem um sabor amargo às vezes, fases onde já abandonamos o lugar em que estávamos mas ainda não chegamos aonde queremos. Sabedoria pra seguir adiante e lucidez para fazer as escolhas no momento exato.


Foto: reproduzir


A força de um ato
Dura o tempo exato
Para ser compreendida

Depois disso é bobagem
Vira longa-metragem
Por acaso estendida

Fora o essencial
Nada mais é natural
Vira apenas suporte

Pena a vida não ter corte

Martha Medeiros

segunda-feira, 19 de março de 2012

Criando uma nova vida - Condicionamentos.

Criando uma nova vida

 Elisabeth Cavalcante 
Um dos maiores desafios de nossa vida é quebrar os condicionamentos. Eles se formam a partir das experiências que vivenciamos desde o início de nossa existência no corpo físico.

Aos poucos vamos aprendendo, como forma de sobrevivência, a aceitar as condições que nos tragam mais facilidade e conforto. Esta é uma das prerrogativas do ego, buscar sempre aquilo que evite dor e sofrimento e traga a sensação de prazer.

Entretanto, há circunstâncias na vida em que a dor e o desconforto são inevitáveis. Eles constituem o preço que precisamos pagar para assumir de maneira plena a nossa autenticidade.

Respeitar nossa verdade interior e procurar viver em sintonia total com ela exige uma consciência plena acerca dos condicionamentos que construímos. De modo geral, as crenças negativas a respeito de nós mesmos são geradas por julgamentos que ouvimos desde a infância.

O primeiro passo para começar a desmontar estas verdades, em que acreditamos tão fortemente, é ter consciência de que elas podem ser mudadas a qualquer momento.

Para isto é necessário desconstruir toda a imagem negativa que formamos a nosso respeito e aceitar o desafio e a responsabilidade de fazer acontecer uma nova realidade.

O medo do sofrimento pode nos levar a permanecer na inércia durante muito tempo, mas quando finalmente nos cansamos da infelicidade e resolvemos dar um passo na direção da luz, a vida sempre nos responde de forma generosa, colocando em nosso caminho as ferramentas e as pessoas que nos auxiliarão a mudar nossa trajetória.

A vontade e a determinação em querer alcançar paz e serenidade são os motores deste processo e somente elas podem detonar a força necessária para vencer este desafio.

"Quebrando o condicionamento
Depende de cada pessoa o que ela gostaria de fazer com a sua vida. A vida não é preordenada. Ela é uma oportunidade. O que você fará com ela depende de você. Essa liberdade é a prova de que você é uma alma, essa liberdade é a dignidade de você ser uma alma.
Ter uma alma significa que você tem o poder de escolher o que você quer fazer. E a coisa interessante é que você pode ter passado por alguns atos e situações milhares de vezes e, ainda assim, você pode sair fora disso, livrar-se disso, neste exato momento, se você assim decidir.
Mas o que acontece é que a mente tem a tendência de seguir o curso que oferece a menor resistência... Coisas que fizemos muitas vezes se tornaram marcas .. e são conhecidas na psicologia como nosso condicionamento. Repetidamente o ato acontece seguindo a mesma rota; mais uma vez a energia é criada e flui. Procurando o caminho de menor resistência, acabamos seguindo a mesma rota.
Mas a marca nunca nos pede para fluir por ela. Ela nunca lhe diz que se não fluir por ela, haverá uma ação judicial contra você. Ele nunca diz que há uma lei determinando que você tem que seguir aquele caminho, ou que a existência está ordenando que você siga por ali...a escolha é sempre sua.


Religiosidade é capacidade de decidir. É um esforço para fazer com que as coisas aconteçam diferentemente de como têm acontecido sempre. É uma escolha, uma determinação. Repetir o que tem acontecido sempre, até ontem, pode ser evitado através dessa compreensão". 


Osho, Guerra interior e paz.

Amém.

Foto: reprodução

domingo, 18 de março de 2012

Família Beckham - Harper, a cerejinha do bolo.

Papai David levou a família para almoçar em Sta Monica - Califórnia  e a pequena Harper roubou a cena. Lindeza, de vestidinho e meia calça - e que rostinho! So cute!
Ô coisinha linda do papai - e Miss. Beckham de carinha fechada. Ah nem.

Harper e seu papai lindão
Romeo e Cruz ... faltou o filho mais velho - Brooklyn - lindos!
Fotos: reprodução

Família Huck - Amor

Êeeeta muié de sorte, gente!
Grávida do terceiro filho, linda, amada por seus filhos e maridão - Angélica.
Luciano Huck - eu te amo. Sejam ainda mais felizes, família abençoada.
Linda família, exemplo clássico de um verdadeiro "encontro" entre duas almas - amor mil vezes amor.
Algumas fotinhas tiradas pelo maridão no lar doce lar.
Aiai.





Fotos: Revista Contigo!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Everybody's Free

Que venha o domingo, sorrindo...
Que a delicadeza e a generosidade habitem o nosso ser.
Porque metade de mim e fé e a outra metade, amor.

Aperte o play.



We are a family that should stand together as one Helping each other instead of just wasting time...   Now is the moment to reach out to someone
It's all up to you
When everyone's sharing their hope
Then love will win through
Everybody's free to feel good!!
Foto: reprodução

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Insônia - dicas para acabar com ela!

Foto: Edson Brow

Para dormir bem, basta se deitar e fechar os olhos, certo? A ideia funciona bem na teoria, mas, na prática, ter uma noite tranquila e acordar disposta no dia seguinte é cada vez mais raro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 2 em cada 5 brasileiros sofrem de insônia. A sensação é desagradável, afinal, o cansaço bateu, a cama está ali, você tem de acordar em
algumas horas e... o sono não vem!

Por isso, quem dorme profundamente todas as noites pode se considerar uma felizarda. Já se você acorda exausta, nada de se preocupar: com a mudança de alguns hábitos noturnos, você também vai sonhar com os anjos. "Para garantir uma boa noite de sono devemos ter uma rotina na qual vamos desacelerando o ritmo, fazendo atividades mais monótonas à noite", explica o neurologista Geraldo Rizzo, diretor do Laboratório do Sono, de Porto Alegre.

Segundo ele, os hábitos que garantem dormir sem precisar contar carneirinhos não são difíceis de colocar em prática. Trata-se de incorporar atitudes calmantes, como manter o quarto escuro, diminuir a ansiedade e desligar a TV (melhor mesmo seria tirá-la de perto da cama de uma vez, não?).

Confira uma relação de dicas que driblam a insônia, para que você possa realmente descansar à noite e acordar com a energia renovada.

1. Apague a luz

Como acontece com a maioria dos mamíferos de hábitos diurnos, a qualidade do sono depende diretamente da escuridão do ambiente. Quando o cérebro registra a presença de luz, mesmo que de uma lâmpada bem fraquinha, ele compreende que ainda é dia e fica em estado de alerta. Essa pode ser a causa daquela insônia terrível que surge no meio da madrugada.

2. Ligue o ventilador

Quando o quarto fica quente demais, o corpo tem dificuldade para se manter nos saudáveis 36,5ºC. O resultado é um sono inquieto, superficial e cansativo. Evite o superaquecimento mantendo seu quarto bem ventilado - abrindo portas e janelas ou ligando o ventilador - e deixando lençóis, mantas e cobertores pesados bem longe da cama nas noites quentes.

3. Pare de ver o relógio

Conferir o despertador a cada minuto só serve para aumentar a ansiedade, deixando-a ainda mais tempo acordada. Vire a face do relógio para a parede e deixe de controlar a quantidade de
horas até o dia amanhecer. Um truque: conte uma história bacana para si mesma até pegar no sono. Faça de conta que você está de férias, em um lugar lindo, e pode relaxar o quanto quiser...

4. Evite os eletrônicos em geral

Celulares e computadores são aparelhos que emitem ondas eletromagnéticas, que deixam você em alerta absoluto. Por isso, evite ficar exposta a esses aparelhos antes de se deitar. Não
bastasse isso, as ondas também diminuem o tempo do sono profundo, aquele que faz o corpo recuperar as energias gastas durante o dia.

5. Aprenda a relaxar

A melhor forma de dormir rapidamente é relaxando o corpo e a mente. Experimente colocar em prática a técnica abaixo:

· Contraia e relaxe lentamente todos os músculos, dos dedinhos dos pés até o rosto.
· Depois, massageie o couro cabeludo enquanto mentaliza uma paisagem bonita.

6. Perfume sua noite

Acenda um incenso de lavanda no quarto três horas antes de dormir. Feche a porta e deixe uma fresta da janela aberta enquanto o incenso queima. Dessa forma, o cheiro tem por onde escapar e não fica impregnado no ambiente. Na hora de dormir, o aroma ajudará a induzir o sono. Caso seja alérgica a incenso, tente gotas de óleo essencial.

7. Mantenha a rotina

Nosso organismo precisa de rotina para funcionar bem, motivo pelo qual vale a pena ir para a cama e se levantar sempre nos mesmos horários - assim, você se acostuma a ficar com sono na hora certa. Com o tempo, seu relógio biológico ficará tão regulado que você nem precisará de despertador para acordar. Ah, e nada de ficar na cama mais tempo no fim de semana!

8. Tome um banho quentinho

Duas horas antes de ir para a cama, tome um banho quente para relaxar os músculos e facilitar o sono profundo. Deixe a água passar pela cabeça e imagine que, com ela, vão pelo ralo todos os problemas do dia (não se concentre neles nessa hora!). Ao sair do chuveiro, mantenha os pés aquecidos para o corpo entender que é hora de descansar.
 

Procure ajuda!

Insônia pode ser sintoma de outras doenças mais graves. Se ela se tornar frequente, o ideal é procurar um médico especializado em distúrbios do sono para descobrir que problemas estão
interferindo na qualidade da sua noite. Cuidado com o excesso de Rivotril!
Reportagem: Lorena Verli.